Os 4 estágios geográficos da alma

A espiritualidade e a alma redefinidas a partir dos diferentes momentos da vida

Costumo dizer aos meus clientes, e aos meus ouvintes em palestras, cursos e programas de rádio que falo de espiritualidade:

“Nós podemos passar por pelo menos 4 estágios geográficos em diferentes momentos de nossas vidas.”

O primeiro estágio é o do Abismo.

Nele, está tudo escuro, prestes a acontecer o pior. As esperanças estão à míngua e dificilmente conseguimos sair sozinhos destes estados. É nesses contextos que se encontram pessoas gravemente deprimidas, ou prestes a cometer suicídio, em situações de uso muito compulsivo de drogas, etc.

Nesses momentos, pedir ajuda é fundamental, e muitas vezes a internação psiquiátrica pode ser necessária para levar a pessoa ao próximo estágio.

Chamo o segundo estágio de Vale.

Esse momento, para quem estava no abismo, pode representar um certo alívio. Porém, para quem estava numa situação melhor, e piorou, pode ser um ponto intermediário para um desfecho mais perigoso e destrutivo.

De toda forma, o vale é uma situação ainda de baixas perspectivas, em que muitos horizontes não são visualizados. A pessoa enxerga pouco a frente do seu próprio nariz (ou umbigo), e precisa se reestruturar para galgar novos patamares na vida. Situações de luto, perdas, desastres afetivos ou financeiros, quadros moderados de transtornos mentais como depressão, ansiedade, uso de drogas geram, muitas vezes, comprometimentos em contextos como família, trabalho, relacionamentos, etc.

No terceiro nível, encontra-se a Planície.

Esse nível, talvez, o mais perigoso em termos de gerar estagnação, necrose, do ponto de vista emocional, social e espiritual na vida das pessoas. Se você estava no Abismo, veio para o Vale, e chegou, enfim, a uma Planície, isso pode ser maravilhoso. Pois isso gera conforto, refazimento, quer do ponto de vista afetivo, financeiro, profissional, etc.

Porém, pessoas que ficam muito tempo nessa região, tendem a começar a ter enfado, e criam a experiência do tédio para si, como um sinalizador de que é preciso olhar para frente e caminhar para o mais, mais um degrau, sempre progredindo. Nesse ponto, existem aqueles que se acomodam e acabam resvalando para o Vale, ou aqueles que se negam a ir para frente, criando sintomas de neurose e compulsões que acabam gerando mais dor e sofrimento.

Para não ter que sair da zona de conforto, inventam sistemas, modas, ritos, cursos, viagens, compram mais e mais, carros , casas, bolsas e sorvetes, bebidas e quitutes, adiando a suprema realização do 4o nível.

Chamo o 4º nível de Montanha.

A Montanha tem seus desafios. Aliás, ela é uma bela metáfora para a palavra desafio. Cada um de nós, em algum momento, se viu compelido a escalar uma, maior ou menor, ou uma cordilheira inteira. Existem as montanhas da vida pessoal – filhos, família, doenças em casa – e as montanhas das vida profissional – carreira, currículo, relacionamentos, mudanças de cargo, cidade e empresa, etc.

Existem momentos, porém, que é preciso respirar, descer um pouco para a planície, sair da zona de estresse e desfrutar da calmaria. Todos nós temos esse direito, e nos preparar para outras escaladas.

Existem as pessoas viciadas em Montanha. Por isso , tenho preferido usar o termo Zona de Performance Ideal (ZPI) em lugar a Zona de Alta Performance (ZAP). Isso porque a ZPI é criada de acordo com o contexto e os recursos de cada criatura, numa perspectiva de sustentabilidade a longuíssimo prazo. Enquanto que a ZAP muitas vezes parece um padrão imposto e estereotipado de vida plena que nem sempre é congruente com a realidade de cada um. Surge mais como uma experiência artificial, de pico, motivacional, mas sem gerar entusiasmo para a vida rotineira, básica, regular.

Nos dizeres de um desconhecido meu: “o chique é ser comum”. Comum no sentido de ter uma vida plena e extraordinária para si, mas que talvez seja comum para os outros. Não importa. Uma vida que consegue abrir mão de seguir cegamente a manda, os padrões impostos negativamente pela cultura que vende “Excelência” a um preço muito alto. Isso custa, muitas vezes, a própria saúde física e mental. Muitos jogos de marketing apelam para essa zona do extraordinário construído sobre o estereótipo, mas não sobre o arquétipo.

Fica aqui, então, essa reflexão despretensiosa e curta. Caberá, certamente ao leitor ampliá-la e adaptá-la ao seu contexto e transpô-la ao seu próprio horizonte individual! Espero que desfrute o visual!

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